A importância de Reaprender

Gosto muito desta citação atribuída ao escritor Alvin Toffler: “Os analfabetos do século 21 não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não podem aprender, desaprender e reaprender”.

Quando trago essa reflexão para o tema da diversidade, equidade e inclusão, entendo que aqueles que se prendem a costumes e a pensamentos desatualizados estão se privando de novos conhecimentos, ideias e possibilidades – tal como um analfabeto do século passado, impossibilitado de explorar o mundo por meio de livros e de se conectar ou se expressar, escrevendo cartas.

Recentemente, entrei em uma discussão familiar que, claramente, não teria fim. Interrompi a conversa afirmando que não chegaríamos a um acordo naquele momento e tudo bem. Dias depois, me disseram: “você pode me achar politicamente incorreto, mas cresci em tempos mais simples!” E, foi aí que me dei conta! Muito se fala sobre diversidade, equidade e inclusão, mas esses conceitos são pouco compreendidos. O assunto é comentado nas empresas, nas notícias, nas manifestações, nas séries da Netflix e em tantos espaços, que é difícil acompanhar.

São tantas perspectivas e opiniões diferentes, porém muitas vezes superficiais, para algo que requer autorreflexão, autoconhecimento e um diálogo aprofundado. Por isso, é natural haver resistência. O não entendimento pleno do assunto faz com que as pessoas se sintam ameaçadas ou indiferentes. Afinal, lá vem mais um assunto para nos sobrecarregar. Por isso, acredito que o próximo passo para avançar nessa jornada seja mudar essa mentalidade. Uma boa resposta à controvérsia que citei anteriormente é: “Sim, vivemos em um tempo diferente. Mas, é simples também. Acredite.”

Devido à amplitude do assunto diversidade, equidade e inclusão, neste momento, vou me limitar a tratar sobre a inclusão. Como em um grande e complexo projeto, vamos separá-lo em etapas, para assim torná-lo mais gerenciável e, com isso, mais simples e acionável.

Inclusão não é mais uma atividade para a nossa pilha de responsabilidades, pois já permeia tudo o que fazemos. Inclusão é muito mais sobre estar presente e consciente, observar e sair do piloto automático. Também está relacionada a dar vez para todos. O que não significa deixar para trás os que estiveram à frente até agora. Inclusão é sobre caminhar juntos.

Mas, de forma prática, como eu posso promover um ambiente mais inclusivo? Aqui vão algumas sugestões:

• Sempre “leia” o meio. Note a pessoa que ainda não teve a oportunidade de compartilhar seu ponto de vista e ofereça espaço para que ela fale também.
• Durante os diálogos, escute atentamente. Faça mais perguntas quando o ponto de vista for oposto ao seu e não o descarte imediatamente.
• Reconheça, respeite e incentive as diferenças e autenticidades, já que, muitas vezes, essas são a fonte das habilidades e dos talentos que nos tornam únicos.
• Suspenda o julgamento e esteja disposto a mudar.

Essa abordagem é diferente, mas é simples. Incluir significa ser humano em todas as relações, assim como, respeitar o próximo e contribuir para uma sociedade melhor. O valor de outro tempo, pode ter servido àquele período apenas. A única certeza que temos é a impermanência. Hoje, sabemos que determinados valores arcaicos provocam sofrimento a uma grande parcela de pessoas, e esta não é a nossa intenção. Então, de novo, é simples. Basta fazer diferente!

Não se preocupe, pois, você, assim como eu, vai errar. Tire esse fardo das costas também e perceba que está tudo bem. É assim que se aprende. Não sinta sobrecarga com a obrigação de decorar todos os termos corretos e a desaprender todas as expressões ultrapassadas. As palavras importam? Sim, com certeza. Mas, ainda mais recompensador do que usar a terminologia adequada é fazer parte da conversa, ser curioso e manter a mentalidade aberta.

Dessa forma, aos poucos, eu e você, iremos, juntos, aprender, desaprender e reaprender.

Carla Poskus
Gerente Regional Sênior de People Experience na Trimble Inc.